PIADA DO PORTUGUEIS
“Já começamos bem. Não seria, caro escritor, Piada de Português?” Não! Porque não estamos a destilar chacotas aos pobres patrícios, mas sim à língua original dos Lusíadas. Vamos aos Fatos...
Certa vez, ao entrar em uma mercearia, acompanhado de um dileto amigo, presenciei uma senhorinha, de avançada idade, solicitando, possivelmente para o patrão burguês, um maço do cilindro cancerígeno de marca americana, que leva o nome de “madeira sagrada” e de uma cidade cinematográfica:
- Ô, seu Manoel (Nome do dono da mercearia sem nenhuma conotação maliciosa, esse era realmente o nome do gajo) Ô, seu Manoel! Me vê um pacote de OLIVUDE....
Meu amigo (termo meio genérico porque, na verdade, jamais seria amigo de uma pessoa assim) Meu colega (revi meu círculo de amizades) não conteve o riso e no modo mais coloquial possível, “rachou os bico”. Riu copiosa e ruidosamente, a menos de um metro da face da digníssima senhora, que deveria pelo menos receber o respeito pela experiente idade. A vítima de tal acinte fingiu, ou realmente não entendeu, que as gargalhadas eram expelidas por causa dela e não para ela, o que também já seria uma ofensa atroz. Na verdade ela nem percebeu a balbúrdia do imbecil.
Aí é que começa meu crime. Já se vão longos anos, após esse episódio lamentável, e até hoje não perdôo por não ter feito, o que já sabia que era correto. Em nome, de mais uma daquelas convenções estúpidas de bom relacionamento, ou simplesmente por não querer “render conversa”, abstive-me de contra atacar o fascista “Inteligente”, douto na mais nobre gramática portuguesa. E sofro sempre com essa lembrança que macula minha alma libertária, que sempre (ou pelo menos sonha com isso nas horas vagas) pensa em defender os oprimidos.
Mas como escrever é um poder supremo e nos dá qualidades divinas, tenho a oportunidade de voltar no tempo e corrigir o desenrolar dessa história.
Fazendo os devidos ajustes, e retornando aos idos dos anos 80, vamos aos fatos...
Tentando não demonstrar meu embaraço, diante de cena tão desconcertante, esperei as gargalhadas, do meliante, cessarem por completo. E não é que essa espera levou quase um minuto. Enquanto o ignóbil soluçava os derradeiros risinhos irônicos, já lancei uma ofensiva kamikaze:
- Paulo (nome fictício, porque na verdade ele se chama Marcos, e não iria gostar nada dessa estória) Paulo, você sabe onde aconteceu o bombardeio de Pearl Habor?
- ÃÃ!!??
Considerei reformular a pergunta, pois parece que ele não era “expert” em história, somente em português:
- Paulo, Você gosta de Surf? – achei que assim conseguiria algum sucesso com um adolescente, que afinal, era o que éramos naquela época.
- Pô Cara! Maior barato! Eu já peguei uns jacarés em Cabo Frio, mas meu maior sonho era ir pro Hawai (leia-se Avaí) pegar umas ondas de verdade...
Diante do AVAI gritado em bom e castiço português, só me restaria uma coisa a fazer:
Lançar o braço direito esticado a frente, colocar o dedo indicador em riste, a mão esquerda espalmada sobre a barriga, levantar a perna esquerda tal qual um galo empoleirado, e proferir uma gostosa, sonora, e retumbante gargalhada na cara do imbecil. A minha com certeza duraria mais de minuto.
KAKAKAKAKA! – a visão, de minha postura aviária a cacarejar, não traria, com certeza, nenhuma luz ou entendimento àquela criatura. Mas seria uma vingança quente e eficaz contra um critico tão voraz da pseudo “ignorância” alheia. (esse negócio de prato frio não funciona. Depois você fica arrependido durante anos e fica remoendo o passado em crônicas inúteis)
Infelizmente eu não fiz isso à época, mas pelo menos no meu universo paralelo acabei de fazê-lo. Sorte a minha...
Moral da estória: Devemos pensar bem antes de apontarmos os erros alheios. Isso é mais do que sabido por todos, no campo das vivências, mas não o é em relação à língua portuguesa, personagem principal desta crônica, conto, ou seja lá como você quiser classificar. Não sou muito afeto a esses detalhes.
Se Hawai (pronunciado AVAI) está certo por que o humilde Hollywood (pronunciado OLIVUDE) não estaria. Deve haver pelo menos um padrão. Se o certo é ROLIUDE, teríamos todos, que dizer RAUAI. (e com exceção do Leo Jaime, ninguém o faz. “... e vamos todos morar no Rauai...”).
Esta é apenas uma das questões centrais de nossa língua...
“Pára tudo...”
Aí já vai aparecer um crítico esperto (que não é muito adepto a conselhos) e já vai me cacetear com seus ataques. (talvez também querendo desferir uma gargalhada gostosa na minha cara):
“Mas isso não é português isso é língua inglesa. O correto é pronunciar de acordo com a língua original. Tudo bem que seu amigo foi rude e que, realmente, a grande maioria pronuncia AVAI, mas daí a culpar a língua portuguesa já é demais. Você está sendo também...” Pssss!!!! Interrompo o aparte de tão nobre crítico, utilizando a onipotência que esse cargo de escritor me dá.
Se você compactua com a opinião do rapazinho aí em cima, rogo-lhe que aguarde até o final para tecer seus comentários. Não peço concordância, só peço que você seja um pouco paciente.
Continuo:
O meu colega (ele vai me odiar quando ficar sabendo disso, hoje ele mora em Brasília) foi então trabalhar em uma loja de calçados esportivos, no Shopping mais sofisticado de BH. Lá ele teve a oportunidade de oferecer tênis americanos, à seleta clientela, com preços nada módicos:
- Ô vendedor! Me arruma o último modelo da NIK (o distinto cavalheiro, também um senhor de avançada idade pronunciou a famosa marca com sonoros e rítmicos N I Q U E ). Número 32, pois quero presentear o meu neto.
Nosso já conhecido colega, dessa vez, não pôde gargalhar fartamente na face de seu abastado freguês, pois precisava do emprego, mas no seu intimo cerebral, revirou-se em sua prepotência literária: “Mas que velho burro! Esse povo tem dinheiro e não aprende a falar! È NAIKE, seu burro! É NAIKE!” imaginava-se esganando o velhote, mas na verdade estampava um sorriso amarelado, comum aos vendedores de plantão, principalmente em um sábado às nove da noite.
Mais um prego na língua do nosso estimado amigo, pois é assim que os críticos injustos são torturados no meu inferno dantesco. (aguardem meu “Remake” da Divina Comédia, em breve nas livrarias).
Poxa! Esses imperialistas já dominam tudo, agora vão impor até uma correção idiomática aos pobres guaranis. Concordo que o certo é pronunciar de acordo com o idioma original, até mesmo para enriquecer nosso vocabulário na língua inglesa, mas no caso da NIKE temos uma invasão lingüística semelhante a militar impetrada no Iraque. Nike é a deusa da vitória grega, na verdade Nikae, representada, nitidamente, na logomarca, pela asinha estilizada (aquilo na chuteira do Fenômeno não é um risco, é uma asinha: DOES ITS). Isto posto, podemos lançar um questionamento internacional: Os americanos devem respeitar esta convenção e pronunciar NIKE como Nique (como exige a pronúncia grega) ou devem se lixar para as culturas alheias e justificar: “ A marca é nossa é colocamos o nome que quiser, Seus Subdesenvolvidos. Cresçam é consigam impor ao mundo uma marca “Tupãzinho”. Alias não conseguimos pronunciar esse som nasal português e muito menos aquela língua grega.”
“Posso adentrar?” pede-me gentilmente o critico apressadinho, que não consegue mesmo esperar o final da crônica. Concedo a palavra a ele: – “Quem deve estar falando grego sou eu. Isso não tem nada a ver. Continua há ocupar meu tempo com essa querela inútil. Isso não tem nada a ver com português. Tá falando de grego, de inglês, mas de português que é bom não fala nada...” TTTEEEEE (som de campainha) Acabou o tempo. Use-o melhor da próxima vez.
Sim, caro leitor! Finalmente, concordo que o que deve imperar é o bom senso, seja ele qual for. Não vamos tomar atitudes xiitas francesas, abolindo por completo os estrangeirismos e decretando uma xenofobia lingüística estúpida. Como disse anteriormente, isso só iria empobrecer nosso conhecimento da língua alheia. Em Roma faça como os romanos, e em Nova Iorque não seria possível pronunciar meu Tupi-Guarani (muito menos aqui, diga-se de passagem). Agradeço muito a este excesso de termos saxões em nossa mídia, pois foi, somente, com ele que aprendi meu rocambólico inglês. Viva as fast fud, e vivas aos driven tru. Podemos exportar diplomatas graças aos nossos criativos publicitários, versados no melhor da língua do Bill Shakspeare.
Volto apenas a pedir que não sejamos tão rudes com os incautos que pronunciam sua “ignorância” diante de nós. Ou então façamos como alguns países da Europa (não existe cultura superior ou inferior, isto é apenas uma sugestão), que padronizam estes pequenos percalços lingüísticos. Na Itália, por exemplo, o Harry Potter, grafa-se em inglês como em qualquer outro lugar do mundo, mas eu tomei um susto quando vi um anuncio de TV convidando-me a assistir o último lançamento do “Ari Potér”, assim mesmo com um acentuadissimo oxítona. Custei a identificar de que “película” se tratava, somente esclarecendo a situação, quando a imagem da apresentadora cedeu lugar ao TRAILLER do filme. Chegam ao absurdo de mudar até mesmo a grafia de nomes próprios. Corre-se o risco de se perguntar, a um “bambino picolino”, pelo rato mais famoso do mundo, e receber um “não conheço!” como resposta. Realmente, se perguntar a um italiano de quatro anos quem é Mickey Mouse, ele com certeza responderá que nunca ouviu falar. Agora se mostrar ao menino a personagem de orelhinhas pretas da Disney, ele gritará: “Guarda mama, o Topolino!” (“Olha mamãe, o Mickey” - eu sei que você sabia, mas resolvi traduzir assim mesmo).
Não sei qual a melhor postura a ser tomada, quem sou eu para ter esta pretensão, mas volto pela enésima vez a pedir prudência em nossas criticas.
“Mas...” começaria uma contra-argumentação nosso impaciente crítico, se por acaso ele estivesse no comando do teclado. Mas como não está corto-lhe a palavra rapidamente.
Se ele quer veneno, que justifique o titulo desta crônica (conto, prosa, perda de tempo, tópico, tese, ou qualquer outra inutilidade que a classifique). Vai aqui então um ataque frontal:
Sim! Sim, caros amigos! O português merece a alcunha de imbecil (não o lusitano cidadão, vilipendiado no anedotário brasileiro, mas sim a língua de Camões). Esta língua teve em sua historia a mesma gênese e saga percorrida por seu peninsular país de origem. Um local estrategicamente colocado no nariz da Europa, que tão somente a este fato deveu-se todo seu rápido sucesso na história ocidental. Estou sendo cruel com os patrícios? Talvez! Mas não podemos negar que nossa língua sempre foi tratada do mesmo modo com que aquele pedaço de terra foi governado. Ora fulgurante e fulgaz potência, pois justamente no seu período mais poderoso, teve seu maior expoente, Luis de Camões; ora um títere manipulado justamente pelos ingleses, estes que hoje alguns acusam de ser: Algozes da língua pátria.
Mas eu mesmo saio em defesa do português de Portugal. Lá a língua é deles, e eu não tenho nada a ver com isso. Creio que por lá se mantenha a correção e o rigor, ora, pois, eles ainda estão encravados no continente e mantêm um vinculo à cultura européia (Apesar de Saramago haver tentado desmembrá-la em seu livro “Jangada de Pedra” onde a península se destaca da Europa e sai a navegar pelo atlântico. E não podemos contrariar um Nobel)
O que me preocupa e me dá subsídios para uma leve crítica (que não sou besta de contrariar minha própria recomendação) é a falta de, ou o excesso de evolução de nossa língua: a brasileira. Sim! Gostaria de sugerir ao nosso criativo Congresso Nacional que ocupasse suas pautas com este questionamento: Instituir a língua brasileira nas escolas do país. Um dia desses assisti um filme português, sem legenda, e não entendi nada que o gajo falava (tá certo que o cinema nacional também carecia deste entendimento até bem pouco tempo atrás. Talvez seja “probrema” de som). Nós absorvemos dezenas, para não dizer centenas, de idiomas estrangeiros e, sobretudo próprios, na salada que compõe essa língua falada do Oiapoque ao Chuí. O que já caracteriza uma inverdade, pois essa língua não é unânime do Chuí ao Oiapoque. Não me aludo (feia demais esta palavra) somente ao Tupi, Xavante e todas as línguas indígenas balbuciadas por ai. Refiro-me sim, aos dialetos urbanos que dividem até mesmo pessoas dentro de uma mesma repartição pública.
Aqui é que começa meu ataque final, que me custará a vaga na Academia Brasileira de Letras para toda a eternidade, extensiva a toda minha prole nas próximas duzentas gerações. “Tô nem aí, Tô nem aí! Podem ficar com seu mundinho, eu não tô nem aí!” . Eu detesto Chá das cinco com bolachas refinadas e já disse várias vezes que aquele fardão é ridículo. Confesso que a prosa lá dentro deva ser agradabilíssima, com expoentes da “inteligentsia” tupiniquim, se bem que a fauna, ultimamente, ande admitindo suspeitíssimos membros acéfalos, ou no mínimo, não detentores de uma obra assim tão significativa. (Rusgas políticas não é motivo para chamar uma pessoa de acéfala. Peço perdão pelo comentário anterior. Só não retiro porque inexplicavelmente minha tecla BACK travou)
Fechando o parêntese desnecessário em que reiterei minha exclusão da ABL, volto ao exemplo que iria iniciar a pouco:
A Dona Maria, (outro preconceito: Por que toda pessoa humilde sempre é tratada assim) faxineira da repartição pública em questão, varre o recinto compartilhando o mesmo ar viciado do Dr. Antônio, conceituado advogado (Se fosse faxineiro seria conhecido por Tonhão, ou chamado de Toninho). A mulher citada abandona momentaneamente seus afazeres, para dirigir a palavra ao “ocupado” servidor, fato que poderá até mesmo custar-lhe o emprego.
- Ô, Dr. Antônio! Me adesculpe interromper o senhô, mas é que meu fio Uedeslei tá com uns POBREMA com a policia e eu queria vê se o senhô num olha o caso dele que é pra modess de mim ajudar. É que fiquei sabendo que o senhô é Adevogado...
O “renomado” advogado, na verdade um escriturário formado em direito, que só conseguiu emprego prestando concurso para aquela repartição, levantou os olhos da pilha de papeis a sua frente, que estavam ali há meses e permaneceriam estagnados e “imexiveis” por mais outra gestação. Já não bastava a interrupção abrupta daquela senhora, ainda por cima, ela vinha carregada com uma irritante ausência de pontuação e um sonoro e destacado POBREMA a mais. Não preciso dizer que o ouvinte irritado em questão, era meu sumido colega de infância, lotado agora em um órgão, bem remunerado, de Brasília. (Camuflei o nome dele de novo)
- Olha aqui minha Senhora! Eu não tenho OAB e não posso defender vosso filho. E não é POBREMA. É PRO... PROBLEMA. P - R – O – B – L – E – M - A. E vê se faz vosso digníssimo serviço direito, porque todo dia eu encontro lixo na minha lixeira, e isso é inadmissível. Entendeu?
Não sei dizer o desfecho da sina do filho da pobre mulher. (os escritores às vezes têm seu poder limitado pela própria falta de imaginação). E, crueldade a parte, não vou tecer comentários sobre a atitude do meu ex-amigo. Realmente, é inexplicável essa mania que esse povo tem de falar POBREMA, e principalmente o tal do GALFO. Isso, confesso, irrita-me também. Como geralmente, elas são iletradas, não poderiam saber como se escreve estas palavras. Mas julgamos uma falta de atenção injustificável, dessas pobres criaturas, pois não é possível ouvir “problema e garfo” o tempo todo e mesmo assim continuar a falar errado. “Isso é um absurdo mesmo vindo de pessoas incultas.” Vai gritar o nosso critico de plantão.
Mas um dia desses, ouvindo a fala de uma conceituada Advogada, candidata à presidência, (se bem que o cargo não exige mais esmero no trato de qualquer regra gramatical) notei doer em meus ouvidos diversas palavras. A Dr. Frosah, (nem sei se a escrita está certa, mas também me dou direito de escrever de qualquer jeito. Não tenho onde consultar este nome no momento), diga-se de passagem, detentora de uma linguagem ilibada, e que detém o meu apreço, e quem sabe um dia meu voto, falava com toda sua desenvoltura e elegância. Não foi nenhum erro na norma dita culta que feriu meus tímpanos. Eu acho que isso seria quase impossível à doutora. O que me chamava a atenção eram algumas palavras pronunciadas, digamos, com acréscimos dispensáveis. Vou resumi-las em duas para economizar o seu tempo. (Já deve estar torcendo pelo fim dessa prosa chata, se é que já não abandonou o texto).
Resumindo: Arroz e gás soavam mais consistentes com seus indefectíveis is introduzidos na silaba final. Mas como pronunciá-las se tais letras não estão lá?
Todos nós sabemos a origem fluminense da citada senhora, e já peço aqui de antemão desculpas à senadora (por favor, não me processe, já não basta a excomunhão da ABL) por usá-la como personagem representativa do linguajar carioca. Não podemos creditar erro ao sonoro e cultuado chiar dos cariocas, muito menos ao “erre” rasgado e infinito de uma Sabrina Sato qualquer. Agregado a isso tudo, temos expressões inteligíveis aos nossos ouvidos em regiões próximas e distantes. Dou um doce a quem conseguir me explicar o que quer dizer, por exemplo, Entupigatió .
Não estamos mais tratando apenas de sotaques regionais, estamos falando de verdadeiros dialetos. E o dialeto urbano da Dona Maria Faxineira deve ser respeitado sim, em igual intensidade dedicada aos is inexistentes de nossa querida senadora. Elas cresceram ouvindo assim, e assim falarão até morrer.
Isto não é uma Ode a bandalheira gramatical. A correção deve ser buscada por todos, para padronizar um linguajar acessível a todos (assim com deveria ser o acesso a outras prioridades). A norma, dita culta, deveria ser esta regra, mas infelizmente, assim como as leis neste país, não abraça todos os cidadãos. (se escrevesse cidadões iriam me crucificar, mas entenderiam assim mesmo).
A língua é uma coisa viva e nisso até mesmo os Acadêmicos concordam comigo. Está na hora de uma nova revisão da Língua Brasileira (até mesmo adotando essa definição) simplificando não o vocabulário, (que graças às diversas influências, deva ser o mais rico do Mundo) mas planificando uma maneira mais branda e sucinta de ensinar o Brasileiro aos nossos jovens. Se existisse somente uma palavra para cada coisa, e uma coisa para cada palavra a literatura se tornaria pobre e monótona. (mas que seria mais fácil lá isso seria). Mas podemos abominar de nossa educação, pelo menos, aquelas classificações imbecis e desnecessárias. Exemplifico:
- O Lula está ferrando com o povo brasileiro, que não percebe que este paternalismo populista, que distribui esmolas aos pobres, custará caro. – (Isto é só um exemplo de oração. Ideologias políticas a parte devemos escrever a frase de tal maneira que se torne correta é entendível – a palavra é feia mais existe, e já tivemos ministro criando “imexivel” que prova a mutabilidade de nossa língua. Já está até no dicionário).
Não importa a ninguém saber se a frase acima é subordinada sindética, assindética, substantivada ou adverbial causal, temporal, concessiva (é um diabo esse tal de concessivo), conclusiva, ou o que seja. Devemos transmiti-la bem, corretamente e saber apenas se ela é verdadeira ou não. (Eu me abstenho de opinião)
Eu duvido que qualquer membro da seleta confraria de escritores, consiga classificar, de pronto, as diversas classificações de orações subordinadas. Atrevo-me a declarar que até mesmo a maioria de nossos professores não tem essa capacidade hercúlea. E rogo que algum crítico, mais exigente, explique-me para que existe esta nefasta prática. Deveríamos nos preocupar com as Ações Subornadas de nossos políticos e não com suas Orações Subordinadas.
Cena:
No trânsito, um veículo fecha um membro da ABL, que se dirigia, tranquilamente pela faixa da direita, rumo ao chá das cinco no prédio da Academia. Após a freada brusca, um som de aço abalroado.
- Seu FDP! Não tem olho na cara, não? - (Atenção! Escritores renomados são humanos e também se tornam irracionais no trânsito caótico das grandes cidades. Com exceção do Ubaldo que é baiano e é de uma tranqüilidade imutável). - Você bateu no meu carro novo. Você vai pagar imediatamente, se não o fizer vou desferir-lhe uma bengalada na cabeça.
- Calma cidadão! Sua primeira frase assindética é facilmente comprovada pelo estado de seu pára-lama. Mas sua oração subordinada adverbial condicional, não esta concatenada, com sua idade e com seus dotes físicos. Além do que, eu sinalizei e a regra é clara: bateu na traseira, paga. Vamos acionar a perícia.
- Putz! Perdi o chá das cinco!
Não preciso dizer que o motorista do carro da frente era meu ex-amigo Marcos (ou melhor, Renato) que, em férias no Rio, estava realmente imbuído de se tornar o corretor gramatical do Mundo. Convenhamos! Somente um lunático para chegar à tamanha sandice. (e dizem que saíra candidato a Deputado na próxima eleição)
Resumindo a prosa, que já se alonga por demais, acredito que alguma gordurinha seja possível extrair dessa obesa língua brasileira. Já foi feito antes e recentemente o Espanhol passou por algo parecido. Quem está apto a fazer tal lipoaspiração cultural? Não me atrevo a dizer, mas se for pelo voto popular, talvez tenhamos, em breve, que resolver nossos POBREMAS de maneira diferente.
Para piorar o Mexido devemos ainda considerar o Internetês, que torna mais rápido a digitação em conversas via Computador. Realmente seria impossível travar um colóquio rápido, via teclado, caçando cedilha e tilzinho o tempo todo. E com as crianças se alfabetizando, on-line, não se assustem se no futuro você, que já foi Vós mi cê, e anteriormente outra coisa maior ainda (que nem lembro) virar simplesmente vc.
Convém lembrar ainda, que se pegarmos manuscritos de renomados escritores encontraremos verdadeiros “erros” gramaticais devido às mutações que tornaram erradas palavras certas. No livro mais famoso de Camões (Referência de toda essa Língua) encontram-se várias citações de FRECHADAS e descrições de PRANTAS. Sim, caro amigo Marcos (sic, Luiz), PROBREMA já foi a maneira certa de externarmos nossas dificuldades. Então respeito é bom e eu gosto.
Para quem chegou até o final, só resta constatar:
ESTA PIADA DO PORTUGUEIS É BEM SEM GRAÇA.
PS: Atire a primeira PREDRA quem nunca consultou um dicionário. E pra MIM fazer este texto usei o Corretor Ortográfico do Word. Depois dele só escreve “errado” quem quiser.
Por terem sido citados a lei me obriga a enviar cópias para:
Senadora Frosah (desculpe se errei vosso nome) À Academia Brasileira de Letras Ao presidente Lula (alguém deve ler isso pra ele)
(Camões e o Manoel da Venda já morreram faz tempo e o meu amigo Marcos teve seu nome trocado. Qualquer coincidência é mera semelhança)
Assassinando a língua portuguesa, Carlos Henrique Ferreira Costa