CAPÍTULO QUINTO

Sabará – Brasil 2003

                    Rixard Burton! O marido da Elisabeth Taylor!? Por que alguém iria perder tempo em escrever um livro sobre o marido da Elizabeth Taylor? “Axo” até que é ex-marido. Ah! É sim. Já até morreu... Artista de Cinema... Não foi ele que fez aquele filme?... Aquele, com aquela mulher... Ah! A própria Elizabeth... Tinha umas pirâmides... Ah! Sei lá! Não têm nada a ver... Rixard Burton...Tsc!

                    Esse Francisco é mesmo metido a bom de sela. Onde já se viu? Escritor. Mal-mal um vendedor de livros ele conseguiria ser. Esse pessoal que “se axa” é duro de engolir. O sujeito deve precisar de algum curso para ser escritor. Ou não precisa? Nem formado ele é. Fica contando papo que fez história na faculdade, mas tô sabendo que não terminou o curso. Alias, mal-mal começou. Dizem que fez foi estória por lá, arrumando confusão com todo mundo. É meio abilolado das idéias esse rapaz. Nada que começa termina. Vive no mundo da lua. Sonha acordado o coitado. Nem na biblioteca da prefeitura ele se deu bem. Dizem que andou sumindo uns livros por lá. Deve ter vendido. Parece que eram umas raridades... Eu é que não sei como livro pode valer alguma coisa. Pra mim é pura perda de tempo. De quem escreve e de quem lê. Pra que vou ficar sabendo da vida dos outros que eu não conheço? Já até morreu. Eu quero saber é dos que tão vivo e que moram perto da gente. Isso sim é informação interessante... Cultura inútil... Destruição desnecessária de árvores. É sim! Livros são feitos de árvores. Pelo menos foi isso que me contaram.

                    Olha aqui! Eu não sou fofoqueiro, nem má pessoa. Mas não pude deixar de ver esses papéis em cima da mesa. Eu nem li tudo porque confesso que ler não é minha praia. E nem conheço praia, muito menos mar. Mas peguei a intenção da coisa. O cara quer escrever um livro sobre Rixard Burton. Tudo bem! Cada um faz o que quer da vida. Tem gente que gosta de cobra, tem gente que gosta de perereca. Desculpe a grossura. Cada doido com sua mania. Mas o problema é quando o doido é conhecido. Vizinho. Sabe? A gente se sente incomodado. Você não fica? Obriga a gente a fazer até mesmo o que não gosta. Ler. E o pior! Escrever. Pra que? Você lê pra que? Tudo bem! Às vezes o cara quer ser doutor. Tudo bem! Vai lá lê os livros da escola e pega o canudo. e xeio de neguinho com diploma na mão que não sabe nem escrever o nome completo do pai. Não, não sou ignorante não. Eu sou prático. Eu sei que você notou que escrevi “xeio” de maneira diferente... Errada não... Diferente. Eu não uso CH. X é mais econômico e tem o mesmo som. No italiano o CH têm som de Q, no inglês tem som, de sei lá o que, mas no português não: CH têm som de X e pronto, qual a diferença? Dizem que o universo é numérico. Então uma letra a mais deve custar alguma coisa. Quando eu falo, ninguém nota a diferença. O problema é quando escrevo, mas como eu quase não escrevo e não pretendo adquirir esse vício agora depois de criado... Tudo bem!

                        Vamos voltar ao que interessa. Eu tô aqui. Perdendo meu precioso tempo. Que poderia e gastando com coisa mais útil. Por exemplo, viver. Que é muito bom e não precisa de complicação. Sonhar pra que? A vida é real. Sonhar olha lá quando tiver dormindo... Poesia... Literatura. Tudo sonho... Escrevê pra quê? Prum outro idiota lê!? Ah! Faz favor. O cara escreve: “No meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho”. Os trouxa baba. Perde um tempão “analisando o sentido da frase”. Ah! Faz favor! Se é comigo, pego a pedra e dou uma caialzada na testa de quem escreveu... A vida é curta... Perdê tempo pra quê? Tô aqui por que sou amigo de você que está lendo essa baboseira. Num cai nessa desse cara não. Se bobiá ele nem termina esse livro e te deixa na mão. Igual livro de sacanagem, era?... ... Te deixa na mão. Essa foi boa. O cara num é normal. Vai por mim. Eu moro na mesma rua que ele e conheço ele desde criancinha... Praticamente criado junto... O cara não é normal. Metido a besta, mesmo. Tem uns troço que não dá pra entende... Você e me entendendo?

                        O cara nunca viajou pra longe, no máximo em Belo Horizonte que é só meia horinha de viagem. Sabe por que não terminou o curso?Por causa da distância. e certo que eu também nunca saí daqui, mas é por falta de oportunidade. Ele não... È por medo. Não sei de que, mas o sonhador é medroso igual uma mocinha. Tem medo de escuro, de fantasma, sei lá do que mais. Axo que tem medo de mulher também. Num engata um namoro jeitado. Isso lá é vida. Sabe por causa de que?... ... Leitura... Deixa o cara retardado. Todo mundo sabe disso. Todo mundo que lê muito fica doido. E quando começa a escrever então. Ih! Piora. Pega traseira em caminhão de lixo. Rasga dinheiro. Come bosta. Joga pedra em avião. Lambe CD pra vê se é doce... Ah! Deixa pra lá. È uma lista enorme de maluquice. Só vendo. e já viu doido?... ... Queira ver não.

                        Agora eu encontrei outro trexo aqui no livro. Ah! e bom. Num é o Rixard Burton ator não... Mentira... Vocês acreditam nisso?... ... Um outro Rixard Burton famoso que passou aqui em Sabará. Cadê a rua com nome dele?... ... E por falar em rua. Que papo mais furado sô. Família tradicional. O Tonho Catalata, eu axo, tenho quase certeza, é Viana também. e xeio de Viana aqui em Sabará. Como é que ele pode provar que é parente daqueles nomes lá, que ele falou? Mentira. Invencionice... Olha aqui, eu tô indo embora que já me alonguei demais. E além do mais ele pode xegar a qualquer momento... AH! Olha só... E ainda por cima põe meu nome no meio do trem. De sacanagem me colocou como personagem. Eu num vô deixar. Vai fazer caso do meu nome lá naquele lugar que cês sabem... Ah! Antes que eu me esqueça. Meu nome é Xico. E daí! È da sua conta. Eu gosto assim mesmo, com X... É mais fácil e rápido... Curto e grosso... XICO.

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